.

A vida vale muito a pena, por uma série de coisas...
Goiânia, Goiás, Brazil
Psicóloga Clínica, formada pela PUC - Goiás. Formação em psicanálise pelo Instituto Sedes Sapientiae de São Paulo e Clínica Dimensão de Goiânia. Psicóloga - Comissão Executiva de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas do Estado de Goiás - Secretaria de Estado de Políticas para Mulheres e Promoção da Igualdade Racial.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Pirenópolis e seus talentos

Esse é um belo texto feito por Francisco Figueiredo, um grande conhecedor da arte, com uma sensibilidade única, atento a história dos nossos patrimônios...Ele coordena o Museu de Arte Sacra de Pirenópolis. Vale conhecer...
Aqui agora


O Rio das Almas escorre da serra cortando a cidade de Pirenópolis. Outrora suas águas transparentes estavam carregadas de ouro. Nossos Patriarcas vieram de Portugal e se instalaram aqui com seus escravos, à procura de riqueza, dando origem às Minas de Nossa Senhora do Rosário.
Aqui foi semeado um catolicismo barroco e laico, com suas irmandades comandando a construção de igrejas para seus festejos, nos quais o sagrado e o profano não se estranhavam, reinterpretando tradições trazidas do outro lado do mundo.
Mas um dia o rio se cansou e não mais ofereceu ouro. E como é rio “das Almas” nas suas correntezas deve ter levado a alma de muitos: o entendimento das tradições, o valor do bem comum... Perdemos duas das cinco principais igrejas; sofremos roubos e comércio de arte sacra. A igreja Matriz, depois de longo restauro, padeceu um grande incêndio...
Bem próximo desse rio agora está o Museu de Arte Sacra, na antiga Igreja do Carmo, recentemente inaugurado. Dirijo esse museu. Trabalho difícil, mas prazeroso: cuidar da memória, preservar, juntar peças para recompor uma história e torná-la mais disponível a todos.
O rio continua seu percurso, com suas cachoeiras e um leito prazeroso que lava o corpo de nossas almas. E segue à procura de outro maior do que a si mesmo e é recebido pelo grandioso Tocantins. Tomara os incessantes esforços dos organismos governamentais e um maior interesse da sociedade transformem toda ação em favor da cultura num fecundo e caudaloso rio no qual todos possam nutrir seu desejo de conhecimento e amor a uma viva e inteligível tradição.



Francisco Figueiredo de Moraes

quinta-feira, 1 de abril de 2010

A passividade - Iza Junqueira


A passividade, além de uma forma mortífera de gozo com a dor, é uma posição fatalista que impede a superação do trauma. Pode parecer paradoxal, mas uma sociedade narcisista tende a favorecer o culto a vítima. A vítima esta sempre preservada da responsabilidade ou da participação em relação as causas do seu sofrimento. Do ponto de vista do vitimismo, a cura das dores da vida, assim como da depressão, consistiria, sempre, primeiro, na reparação que deveria vir do outro, e em segundo lugar, na eliminação de todo o traço de má notícia que advenha do inconsiente. A vítima se sente a salva do conflito e da divisão subjetiva, assim como da indagação pelo seu desejo. Ninguém mais íntegro do que uma vítima, do ponto de vista do narcisismo do eu.