Aqui agora
O Rio das Almas escorre da serra cortando a cidade de Pirenópolis. Outrora suas águas transparentes estavam carregadas de ouro. Nossos Patriarcas vieram de Portugal e se instalaram aqui com seus escravos, à procura de riqueza, dando origem às Minas de Nossa Senhora do Rosário.
Aqui foi semeado um catolicismo barroco e laico, com suas irmandades comandando a construção de igrejas para seus festejos, nos quais o sagrado e o profano não se estranhavam, reinterpretando tradições trazidas do outro lado do mundo.
Mas um dia o rio se cansou e não mais ofereceu ouro. E como é rio “das Almas” nas suas correntezas deve ter levado a alma de muitos: o entendimento das tradições, o valor do bem comum... Perdemos duas das cinco principais igrejas; sofremos roubos e comércio de arte sacra. A igreja Matriz, depois de longo restauro, padeceu um grande incêndio...
Bem próximo desse rio agora está o Museu de Arte Sacra, na antiga Igreja do Carmo, recentemente inaugurado. Dirijo esse museu. Trabalho difícil, mas prazeroso: cuidar da memória, preservar, juntar peças para recompor uma história e torná-la mais disponível a todos.
O rio continua seu percurso, com suas cachoeiras e um leito prazeroso que lava o corpo de nossas almas. E segue à procura de outro maior do que a si mesmo e é recebido pelo grandioso Tocantins. Tomara os incessantes esforços dos organismos governamentais e um maior interesse da sociedade transformem toda ação em favor da cultura num fecundo e caudaloso rio no qual todos possam nutrir seu desejo de conhecimento e amor a uma viva e inteligível tradição.
Francisco Figueiredo de Moraes
O Rio das Almas escorre da serra cortando a cidade de Pirenópolis. Outrora suas águas transparentes estavam carregadas de ouro. Nossos Patriarcas vieram de Portugal e se instalaram aqui com seus escravos, à procura de riqueza, dando origem às Minas de Nossa Senhora do Rosário.
Aqui foi semeado um catolicismo barroco e laico, com suas irmandades comandando a construção de igrejas para seus festejos, nos quais o sagrado e o profano não se estranhavam, reinterpretando tradições trazidas do outro lado do mundo.
Mas um dia o rio se cansou e não mais ofereceu ouro. E como é rio “das Almas” nas suas correntezas deve ter levado a alma de muitos: o entendimento das tradições, o valor do bem comum... Perdemos duas das cinco principais igrejas; sofremos roubos e comércio de arte sacra. A igreja Matriz, depois de longo restauro, padeceu um grande incêndio...
Bem próximo desse rio agora está o Museu de Arte Sacra, na antiga Igreja do Carmo, recentemente inaugurado. Dirijo esse museu. Trabalho difícil, mas prazeroso: cuidar da memória, preservar, juntar peças para recompor uma história e torná-la mais disponível a todos.
O rio continua seu percurso, com suas cachoeiras e um leito prazeroso que lava o corpo de nossas almas. E segue à procura de outro maior do que a si mesmo e é recebido pelo grandioso Tocantins. Tomara os incessantes esforços dos organismos governamentais e um maior interesse da sociedade transformem toda ação em favor da cultura num fecundo e caudaloso rio no qual todos possam nutrir seu desejo de conhecimento e amor a uma viva e inteligível tradição.
Francisco Figueiredo de Moraes