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A vida vale muito a pena, por uma série de coisas...
Goiânia, Goiás, Brazil
Psicóloga Clínica, formada pela PUC - Goiás. Formação em psicanálise pelo Instituto Sedes Sapientiae de São Paulo e Clínica Dimensão de Goiânia. Psicóloga - Comissão Executiva de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas do Estado de Goiás - Secretaria de Estado de Políticas para Mulheres e Promoção da Igualdade Racial.

domingo, 9 de maio de 2010

A Propaganda da Depressão - Iza Junqueira



A depressão parece ser hoje, um mal necessário, pelo menos para a indústria medicamentosa e pelos profissionais, que ainda acreditam que é possível medicar o afeto, a tristeza, o sono, os amores perdidos, e dão essa falsa esperança aos pacientes, que por alguns meses se sentem bem, mas que em algum momento terão que lidar com essas questões de uma outra forma. E medicam tanto que o sujeito não tem ânimo para sair de casa, cuidar de si, procurar um novo amor, ir ao analista. Mas os índices de suicídio, principalmente entre adolescentes, é preocupante.
A sensação de melhora rápida dos conflitos, encoraja esse adolescente e em vez de resolver esses conflitos, ele se mata. Os consultórios psiquiátricos estão cheios, pessoas procurando um alívio imediato para suas dores, para suas “esquisitices”, e tendo a falsa impressão de que é preciso ser forte o tempo todo, dar conta de tudo, resolver tudo, não chorar, não sofrer, e a fragilidade faz parte de nós! e é preciso entrar em contato com essas fragilidades para que a gente possa se reconstituir enquanto sujeitos, saber falar da gente, saber lidar com a gente. Essa tentativa de transformar o sofrimento em patologia é o grande marketing da indústria psicofarmacológica, que vende suas tarjas pretas e cega o sujeito, que fica impedido de reconciliar com as suas questões afetivas. A idéia do normal e do patológico precisa ser investigado melhor.
A psicanálise propõe que o sujeito deprimido volte a fantasiar, fazer uma travessia que facilite o acesso ao imaginário, encorajar a pessoa para que ela possa falar das suas dores, expô-las em vez de encobri-las. Todo mundo tem algo a dizer, mesmo que por algum tempo, alguma coisa lhe fuja à lembrança.
por Iza Junqueira Rezende

Amor à segunda vista. Iza Junqueira


Qualquer coisa que se faça, que se ame, que se deseja, infere algum tipo de ideal. Os nossos inventimentos, desde o mais simples, até os mais complexos, estão imbuídos de algum nível de idealização. Esses transbordamentos de paixão, que experimentamos quando nos encantamos por alguém, à primeira vista, servem de emblema para que possamos pensar nossas construções afetivas.Nós, que já vivemos uma bela história de amor, sabemos que: Só é amor se for à segunda vista, terceira, quarta e por aí vai. Não que, à primeira vista, no primeiro olhar, não exista o desejo de amar, mas por mais desejo que se sinta, o que está sendo posto, nesse primeiro foco, em relação ao outro, são as nossas idealizações primeiras, resquícios dos nosso primeiros olhares amorosos. À primeira vista, os diálogos são bem conhecidos: " Você tem tudo a ver comigo""Agora encontrei o amor da minha vida""Não consigo viver sem você"Pode ser tudo isso? acredito que sim, mas não à primeira vista.Há de se percorrer um caminho com essa pessoa, querida, desejada, amada, até que se consiga, aos poucos, ir tirando as roupas do manequim que nós mesmo montamos, conforme aquilo que idealizamos. Resta saber, quem é o outro, quem desejamos amar, quais são os desejos dessa pessoa, além dos meus. Bingo! Se nós abrirmos mão de tantas idealizações, durante essa história amorosa, teremos mais chance de continuarmos com o nosso suposto-amor, como costumo dizer.Acontece , que há pessoas, que nao conseguem sair desse lugar ideal. Não há o desejo de conquista, e sim, de posse, de "ter" o outro, à sua maneira. A posse está sempre mais próxima da perda, já a conquista, possibilita um encontro mais feliz. Na conquista, até a distância nos aproxima. O desejo está nos olhos, não há outra via de se chegar a não ser olho no olho, pele, toque, voz, cotidiano, ouvir. E não é um qualquer ouvir.É preciso ouvir o som do azul.
Salve!Iza Junqueira