Seria histeria demais da nossa parte, dizer que não precisamos de ninguém. De que, somos suficientemente auto-sustentáveis, programados a não sentir falta do outro, a não ter vontade de ouvir um barulhinho de celular na hora mais inesperada, e naquele momento de estado blasé, onde você diz: pouco me importa se alguém não me ligar, não preciso de ninguém. Negaríamos a nossa condição, de desamparo.
As amizades, ou as supostas amizades, principalmente as mais duvidosas, são cheias de contornos e adereços que, ao mesmo tempo, que encantam, desaparecem feito estrelas cadentes. Não parece que podemos pegar as estrelas durante o seu percurso? Não é isso que as crianças fazem ao ver a estrela se deslocar? E os amigos, podem ser essas estrelas, esses milhões de estrelas vulneráveis e que de longe parecem geometricamente perfeitas, com um sorrisinho no meio.
Amizade é uma viagem no espaço, são satélites que deslizam e encantam, mas ao mesmo tempo assustam pela sua imprevisibilidade. São espaços que tem uma organização, suas pautas, seus interesses (ou despojados deles), um júri que exclui e inclui, com razão ou sem, perante suas próprias leis. As amizades, sim, são regidas por leis, às vezes caóticas demais, desumanas, injustas, dentro do que se convencionou chamar: amizade.
Essa rede de pessoas que se encontram, nem sempre no encontro, no seu verdadeiro sentido, mobiliza uma série de afetos, de emoções, de momentos que "idealisticamente", encantam, e a gente se doa, se dói. Você abre seus espaços, seus laços, e deixa tudo entrar, deixa tudo ser, às vezes não-sendo.
Amizade é também o não-ser. Mas é ser tudo também, mesmo que no final da festa, todas as taças estejam quebradas, e todas as palavras e sorrisos e gestos, sejam restos de bebidas, restos de champagne, e todas as velas já estejam apagadas. Não há mais fogo e nem fumaça. Não há mais as mesmas pessoas da festa, era só uma festa, e tinha pessoas.
A amizade do ter, mais do que a amizade do ser: Ter um amigo, e ser-lhe, é realmente raro e não é pra qualquer um. Por isso é preciso delimitar os espaços afetivos, colocar cada um no seu lugar, assim podemos ver melhor, e perceber o quanto se é querido ou não. E isso se percebe quando a festa rola, e você não está. Uma sutil deslealdade de excluir, mas ao mesmo tempo uma libertação, para que os seus verdadeiros amigos te convidem para os novos brindes. E para que você possa abrir realmente as portas da sua casa, dos seus espaços sagrados, porque os verdadeiros amigos...
Voltam sempre...
TIM TIM!
Iza Junqueira
As amizades, ou as supostas amizades, principalmente as mais duvidosas, são cheias de contornos e adereços que, ao mesmo tempo, que encantam, desaparecem feito estrelas cadentes. Não parece que podemos pegar as estrelas durante o seu percurso? Não é isso que as crianças fazem ao ver a estrela se deslocar? E os amigos, podem ser essas estrelas, esses milhões de estrelas vulneráveis e que de longe parecem geometricamente perfeitas, com um sorrisinho no meio.
Amizade é uma viagem no espaço, são satélites que deslizam e encantam, mas ao mesmo tempo assustam pela sua imprevisibilidade. São espaços que tem uma organização, suas pautas, seus interesses (ou despojados deles), um júri que exclui e inclui, com razão ou sem, perante suas próprias leis. As amizades, sim, são regidas por leis, às vezes caóticas demais, desumanas, injustas, dentro do que se convencionou chamar: amizade.
Essa rede de pessoas que se encontram, nem sempre no encontro, no seu verdadeiro sentido, mobiliza uma série de afetos, de emoções, de momentos que "idealisticamente", encantam, e a gente se doa, se dói. Você abre seus espaços, seus laços, e deixa tudo entrar, deixa tudo ser, às vezes não-sendo.
Amizade é também o não-ser. Mas é ser tudo também, mesmo que no final da festa, todas as taças estejam quebradas, e todas as palavras e sorrisos e gestos, sejam restos de bebidas, restos de champagne, e todas as velas já estejam apagadas. Não há mais fogo e nem fumaça. Não há mais as mesmas pessoas da festa, era só uma festa, e tinha pessoas.
A amizade do ter, mais do que a amizade do ser: Ter um amigo, e ser-lhe, é realmente raro e não é pra qualquer um. Por isso é preciso delimitar os espaços afetivos, colocar cada um no seu lugar, assim podemos ver melhor, e perceber o quanto se é querido ou não. E isso se percebe quando a festa rola, e você não está. Uma sutil deslealdade de excluir, mas ao mesmo tempo uma libertação, para que os seus verdadeiros amigos te convidem para os novos brindes. E para que você possa abrir realmente as portas da sua casa, dos seus espaços sagrados, porque os verdadeiros amigos...
Voltam sempre...
TIM TIM!
Iza Junqueira
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