.

A vida vale muito a pena, por uma série de coisas...
Goiânia, Goiás, Brazil
Psicóloga Clínica, formada pela PUC - Goiás. Formação em psicanálise pelo Instituto Sedes Sapientiae de São Paulo e Clínica Dimensão de Goiânia. Psicóloga - Comissão Executiva de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas do Estado de Goiás - Secretaria de Estado de Políticas para Mulheres e Promoção da Igualdade Racial.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Amigo Confesso - Iza Junqueira


Seria histeria demais da nossa parte, dizer que não precisamos de ninguém. De que, somos suficientemente auto-sustentáveis, programados a não sentir falta do outro, a não ter vontade de ouvir um barulhinho de celular na hora mais inesperada, e naquele momento de estado blasé, onde você diz: pouco me importa se alguém não me ligar, não preciso de ninguém. Negaríamos a nossa condição, de desamparo.

As amizades, ou as supostas amizades, principalmente as mais duvidosas, são cheias de contornos e adereços que, ao mesmo tempo, que encantam, desaparecem feito estrelas cadentes. Não parece que podemos pegar as estrelas durante o seu percurso? Não é isso que as crianças fazem ao ver a estrela se deslocar? E os amigos, podem ser essas estrelas, esses milhões de estrelas vulneráveis e que de longe parecem geometricamente perfeitas, com um sorrisinho no meio.


Amizade é uma viagem no espaço, são satélites que deslizam e encantam, mas ao mesmo tempo assustam pela sua imprevisibilidade. São espaços que tem uma organização, suas pautas, seus interesses (ou despojados deles), um júri que exclui e inclui, com razão ou sem, perante suas próprias leis. As amizades, sim, são regidas por leis, às vezes caóticas demais, desumanas, injustas, dentro do que se convencionou chamar: amizade.

Essa rede de pessoas que se encontram, nem sempre no encontro, no seu verdadeiro sentido, mobiliza uma série de afetos, de emoções, de momentos que "idealisticamente", encantam, e a gente se doa, se dói. Você abre seus espaços, seus laços, e deixa tudo entrar, deixa tudo ser, às vezes não-sendo.

Amizade é também o não-ser. Mas é ser tudo também, mesmo que no final da festa, todas as taças estejam quebradas, e todas as palavras e sorrisos e gestos, sejam restos de bebidas, restos de champagne, e todas as velas já estejam apagadas. Não há mais fogo e nem fumaça. Não há mais as mesmas pessoas da festa, era só uma festa, e tinha pessoas.

A amizade do ter, mais do que a amizade do ser: Ter um amigo, e ser-lhe, é realmente raro e não é pra qualquer um. Por isso é preciso delimitar os espaços afetivos, colocar cada um no seu lugar, assim podemos ver melhor, e perceber o quanto se é querido ou não. E isso se percebe quando a festa rola, e você não está. Uma sutil deslealdade de excluir, mas ao mesmo tempo uma libertação, para que os seus verdadeiros amigos te convidem para os novos brindes. E para que você possa abrir realmente as portas da sua casa, dos seus espaços sagrados, porque os verdadeiros amigos...
Voltam sempre...

TIM TIM!
Iza Junqueira



Nenhum comentário:

Postar um comentário