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A vida vale muito a pena, por uma série de coisas...
- Iza Junqueira Rezende
- Goiânia, Goiás, Brazil
- Psicóloga Clínica, formada pela PUC - Goiás. Formação em psicanálise pelo Instituto Sedes Sapientiae de São Paulo e Clínica Dimensão de Goiânia. Psicóloga - Comissão Executiva de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas do Estado de Goiás - Secretaria de Estado de Políticas para Mulheres e Promoção da Igualdade Racial.
segunda-feira, 19 de julho de 2010
quinta-feira, 20 de maio de 2010
Clarice
Ah, meu amor, não tenhas medo da carência:
Ela é o nosso destino maior.
O amor é tão mais fatal
do que eu havia pensado,
O amor é tão inerente quanto aprópria carência,
E nós somos garantidos por uma necessidade
que se renovará continuamente.
O amor já está, está sempre.
Falta apenas o golpe da graça -
que se chama paixão."
Clarice Lispector
Ela é o nosso destino maior.
O amor é tão mais fatal
do que eu havia pensado,
O amor é tão inerente quanto aprópria carência,
E nós somos garantidos por uma necessidade
que se renovará continuamente.
O amor já está, está sempre.
Falta apenas o golpe da graça -
que se chama paixão."
Clarice Lispector
domingo, 9 de maio de 2010
A Propaganda da Depressão - Iza Junqueira
A depressão parece ser hoje, um mal necessário, pelo menos para a indústria medicamentosa e pelos profissionais, que ainda acreditam que é possível medicar o afeto, a tristeza, o sono, os amores perdidos, e dão essa falsa esperança aos pacientes, que por alguns meses se sentem bem, mas que em algum momento terão que lidar com essas questões de uma outra forma. E medicam tanto que o sujeito não tem ânimo para sair de casa, cuidar de si, procurar um novo amor, ir ao analista. Mas os índices de suicídio, principalmente entre adolescentes, é preocupante.
A sensação de melhora rápida dos conflitos, encoraja esse adolescente e em vez de resolver esses conflitos, ele se mata. Os consultórios psiquiátricos estão cheios, pessoas procurando um alívio imediato para suas dores, para suas “esquisitices”, e tendo a falsa impressão de que é preciso ser forte o tempo todo, dar conta de tudo, resolver tudo, não chorar, não sofrer, e a fragilidade faz parte de nós! e é preciso entrar em contato com essas fragilidades para que a gente possa se reconstituir enquanto sujeitos, saber falar da gente, saber lidar com a gente. Essa tentativa de transformar o sofrimento em patologia é o grande marketing da indústria psicofarmacológica, que vende suas tarjas pretas e cega o sujeito, que fica impedido de reconciliar com as suas questões afetivas. A idéia do normal e do patológico precisa ser investigado melhor.
A psicanálise propõe que o sujeito deprimido volte a fantasiar, fazer uma travessia que facilite o acesso ao imaginário, encorajar a pessoa para que ela possa falar das suas dores, expô-las em vez de encobri-las. Todo mundo tem algo a dizer, mesmo que por algum tempo, alguma coisa lhe fuja à lembrança.
por Iza Junqueira Rezende
A sensação de melhora rápida dos conflitos, encoraja esse adolescente e em vez de resolver esses conflitos, ele se mata. Os consultórios psiquiátricos estão cheios, pessoas procurando um alívio imediato para suas dores, para suas “esquisitices”, e tendo a falsa impressão de que é preciso ser forte o tempo todo, dar conta de tudo, resolver tudo, não chorar, não sofrer, e a fragilidade faz parte de nós! e é preciso entrar em contato com essas fragilidades para que a gente possa se reconstituir enquanto sujeitos, saber falar da gente, saber lidar com a gente. Essa tentativa de transformar o sofrimento em patologia é o grande marketing da indústria psicofarmacológica, que vende suas tarjas pretas e cega o sujeito, que fica impedido de reconciliar com as suas questões afetivas. A idéia do normal e do patológico precisa ser investigado melhor.
A psicanálise propõe que o sujeito deprimido volte a fantasiar, fazer uma travessia que facilite o acesso ao imaginário, encorajar a pessoa para que ela possa falar das suas dores, expô-las em vez de encobri-las. Todo mundo tem algo a dizer, mesmo que por algum tempo, alguma coisa lhe fuja à lembrança.
por Iza Junqueira Rezende
Amor à segunda vista. Iza Junqueira
Qualquer coisa que se faça, que se ame, que se deseja, infere algum tipo de ideal. Os nossos inventimentos, desde o mais simples, até os mais complexos, estão imbuídos de algum nível de idealização. Esses transbordamentos de paixão, que experimentamos quando nos encantamos por alguém, à primeira vista, servem de emblema para que possamos pensar nossas construções afetivas.Nós, que já vivemos uma bela história de amor, sabemos que: Só é amor se for à segunda vista, terceira, quarta e por aí vai. Não que, à primeira vista, no primeiro olhar, não exista o desejo de amar, mas por mais desejo que se sinta, o que está sendo posto, nesse primeiro foco, em relação ao outro, são as nossas idealizações primeiras, resquícios dos nosso primeiros olhares amorosos. À primeira vista, os diálogos são bem conhecidos: " Você tem tudo a ver comigo""Agora encontrei o amor da minha vida""Não consigo viver sem você"Pode ser tudo isso? acredito que sim, mas não à primeira vista.Há de se percorrer um caminho com essa pessoa, querida, desejada, amada, até que se consiga, aos poucos, ir tirando as roupas do manequim que nós mesmo montamos, conforme aquilo que idealizamos. Resta saber, quem é o outro, quem desejamos amar, quais são os desejos dessa pessoa, além dos meus. Bingo! Se nós abrirmos mão de tantas idealizações, durante essa história amorosa, teremos mais chance de continuarmos com o nosso suposto-amor, como costumo dizer.Acontece , que há pessoas, que nao conseguem sair desse lugar ideal. Não há o desejo de conquista, e sim, de posse, de "ter" o outro, à sua maneira. A posse está sempre mais próxima da perda, já a conquista, possibilita um encontro mais feliz. Na conquista, até a distância nos aproxima. O desejo está nos olhos, não há outra via de se chegar a não ser olho no olho, pele, toque, voz, cotidiano, ouvir. E não é um qualquer ouvir.É preciso ouvir o som do azul.
Salve!Iza Junqueira
sexta-feira, 2 de abril de 2010
Pirenópolis e seus talentos
Esse é um belo texto feito por Francisco Figueiredo, um grande conhecedor da arte, com uma sensibilidade única, atento a história dos nossos patrimônios...Ele coordena o Museu de Arte Sacra de Pirenópolis. Vale conhecer...
Aqui agora
O Rio das Almas escorre da serra cortando a cidade de Pirenópolis. Outrora suas águas transparentes estavam carregadas de ouro. Nossos Patriarcas vieram de Portugal e se instalaram aqui com seus escravos, à procura de riqueza, dando origem às Minas de Nossa Senhora do Rosário.
Aqui foi semeado um catolicismo barroco e laico, com suas irmandades comandando a construção de igrejas para seus festejos, nos quais o sagrado e o profano não se estranhavam, reinterpretando tradições trazidas do outro lado do mundo.
Mas um dia o rio se cansou e não mais ofereceu ouro. E como é rio “das Almas” nas suas correntezas deve ter levado a alma de muitos: o entendimento das tradições, o valor do bem comum... Perdemos duas das cinco principais igrejas; sofremos roubos e comércio de arte sacra. A igreja Matriz, depois de longo restauro, padeceu um grande incêndio...
Bem próximo desse rio agora está o Museu de Arte Sacra, na antiga Igreja do Carmo, recentemente inaugurado. Dirijo esse museu. Trabalho difícil, mas prazeroso: cuidar da memória, preservar, juntar peças para recompor uma história e torná-la mais disponível a todos.
O rio continua seu percurso, com suas cachoeiras e um leito prazeroso que lava o corpo de nossas almas. E segue à procura de outro maior do que a si mesmo e é recebido pelo grandioso Tocantins. Tomara os incessantes esforços dos organismos governamentais e um maior interesse da sociedade transformem toda ação em favor da cultura num fecundo e caudaloso rio no qual todos possam nutrir seu desejo de conhecimento e amor a uma viva e inteligível tradição.
Francisco Figueiredo de Moraes
O Rio das Almas escorre da serra cortando a cidade de Pirenópolis. Outrora suas águas transparentes estavam carregadas de ouro. Nossos Patriarcas vieram de Portugal e se instalaram aqui com seus escravos, à procura de riqueza, dando origem às Minas de Nossa Senhora do Rosário.
Aqui foi semeado um catolicismo barroco e laico, com suas irmandades comandando a construção de igrejas para seus festejos, nos quais o sagrado e o profano não se estranhavam, reinterpretando tradições trazidas do outro lado do mundo.
Mas um dia o rio se cansou e não mais ofereceu ouro. E como é rio “das Almas” nas suas correntezas deve ter levado a alma de muitos: o entendimento das tradições, o valor do bem comum... Perdemos duas das cinco principais igrejas; sofremos roubos e comércio de arte sacra. A igreja Matriz, depois de longo restauro, padeceu um grande incêndio...
Bem próximo desse rio agora está o Museu de Arte Sacra, na antiga Igreja do Carmo, recentemente inaugurado. Dirijo esse museu. Trabalho difícil, mas prazeroso: cuidar da memória, preservar, juntar peças para recompor uma história e torná-la mais disponível a todos.
O rio continua seu percurso, com suas cachoeiras e um leito prazeroso que lava o corpo de nossas almas. E segue à procura de outro maior do que a si mesmo e é recebido pelo grandioso Tocantins. Tomara os incessantes esforços dos organismos governamentais e um maior interesse da sociedade transformem toda ação em favor da cultura num fecundo e caudaloso rio no qual todos possam nutrir seu desejo de conhecimento e amor a uma viva e inteligível tradição.
Francisco Figueiredo de Moraes
quinta-feira, 1 de abril de 2010
A passividade - Iza Junqueira
A passividade, além de uma forma mortífera de gozo com a dor, é uma posição fatalista que impede a superação do trauma. Pode parecer paradoxal, mas uma sociedade narcisista tende a favorecer o culto a vítima. A vítima esta sempre preservada da responsabilidade ou da participação em relação as causas do seu sofrimento. Do ponto de vista do vitimismo, a cura das dores da vida, assim como da depressão, consistiria, sempre, primeiro, na reparação que deveria vir do outro, e em segundo lugar, na eliminação de todo o traço de má notícia que advenha do inconsiente. A vítima se sente a salva do conflito e da divisão subjetiva, assim como da indagação pelo seu desejo. Ninguém mais íntegro do que uma vítima, do ponto de vista do narcisismo do eu.
quarta-feira, 17 de março de 2010
Amigo Confesso - Iza Junqueira
Seria histeria demais da nossa parte, dizer que não precisamos de ninguém. De que, somos suficientemente auto-sustentáveis, programados a não sentir falta do outro, a não ter vontade de ouvir um barulhinho de celular na hora mais inesperada, e naquele momento de estado blasé, onde você diz: pouco me importa se alguém não me ligar, não preciso de ninguém. Negaríamos a nossa condição, de desamparo.
As amizades, ou as supostas amizades, principalmente as mais duvidosas, são cheias de contornos e adereços que, ao mesmo tempo, que encantam, desaparecem feito estrelas cadentes. Não parece que podemos pegar as estrelas durante o seu percurso? Não é isso que as crianças fazem ao ver a estrela se deslocar? E os amigos, podem ser essas estrelas, esses milhões de estrelas vulneráveis e que de longe parecem geometricamente perfeitas, com um sorrisinho no meio.
Amizade é uma viagem no espaço, são satélites que deslizam e encantam, mas ao mesmo tempo assustam pela sua imprevisibilidade. São espaços que tem uma organização, suas pautas, seus interesses (ou despojados deles), um júri que exclui e inclui, com razão ou sem, perante suas próprias leis. As amizades, sim, são regidas por leis, às vezes caóticas demais, desumanas, injustas, dentro do que se convencionou chamar: amizade.
Essa rede de pessoas que se encontram, nem sempre no encontro, no seu verdadeiro sentido, mobiliza uma série de afetos, de emoções, de momentos que "idealisticamente", encantam, e a gente se doa, se dói. Você abre seus espaços, seus laços, e deixa tudo entrar, deixa tudo ser, às vezes não-sendo.
Amizade é também o não-ser. Mas é ser tudo também, mesmo que no final da festa, todas as taças estejam quebradas, e todas as palavras e sorrisos e gestos, sejam restos de bebidas, restos de champagne, e todas as velas já estejam apagadas. Não há mais fogo e nem fumaça. Não há mais as mesmas pessoas da festa, era só uma festa, e tinha pessoas.
A amizade do ter, mais do que a amizade do ser: Ter um amigo, e ser-lhe, é realmente raro e não é pra qualquer um. Por isso é preciso delimitar os espaços afetivos, colocar cada um no seu lugar, assim podemos ver melhor, e perceber o quanto se é querido ou não. E isso se percebe quando a festa rola, e você não está. Uma sutil deslealdade de excluir, mas ao mesmo tempo uma libertação, para que os seus verdadeiros amigos te convidem para os novos brindes. E para que você possa abrir realmente as portas da sua casa, dos seus espaços sagrados, porque os verdadeiros amigos...
Voltam sempre...
TIM TIM!
Iza Junqueira
As amizades, ou as supostas amizades, principalmente as mais duvidosas, são cheias de contornos e adereços que, ao mesmo tempo, que encantam, desaparecem feito estrelas cadentes. Não parece que podemos pegar as estrelas durante o seu percurso? Não é isso que as crianças fazem ao ver a estrela se deslocar? E os amigos, podem ser essas estrelas, esses milhões de estrelas vulneráveis e que de longe parecem geometricamente perfeitas, com um sorrisinho no meio.
Amizade é uma viagem no espaço, são satélites que deslizam e encantam, mas ao mesmo tempo assustam pela sua imprevisibilidade. São espaços que tem uma organização, suas pautas, seus interesses (ou despojados deles), um júri que exclui e inclui, com razão ou sem, perante suas próprias leis. As amizades, sim, são regidas por leis, às vezes caóticas demais, desumanas, injustas, dentro do que se convencionou chamar: amizade.
Essa rede de pessoas que se encontram, nem sempre no encontro, no seu verdadeiro sentido, mobiliza uma série de afetos, de emoções, de momentos que "idealisticamente", encantam, e a gente se doa, se dói. Você abre seus espaços, seus laços, e deixa tudo entrar, deixa tudo ser, às vezes não-sendo.
Amizade é também o não-ser. Mas é ser tudo também, mesmo que no final da festa, todas as taças estejam quebradas, e todas as palavras e sorrisos e gestos, sejam restos de bebidas, restos de champagne, e todas as velas já estejam apagadas. Não há mais fogo e nem fumaça. Não há mais as mesmas pessoas da festa, era só uma festa, e tinha pessoas.
A amizade do ter, mais do que a amizade do ser: Ter um amigo, e ser-lhe, é realmente raro e não é pra qualquer um. Por isso é preciso delimitar os espaços afetivos, colocar cada um no seu lugar, assim podemos ver melhor, e perceber o quanto se é querido ou não. E isso se percebe quando a festa rola, e você não está. Uma sutil deslealdade de excluir, mas ao mesmo tempo uma libertação, para que os seus verdadeiros amigos te convidem para os novos brindes. E para que você possa abrir realmente as portas da sua casa, dos seus espaços sagrados, porque os verdadeiros amigos...
Voltam sempre...
TIM TIM!
Iza Junqueira
quinta-feira, 4 de março de 2010
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